Estátua de Kublai Khan (fonte: www.popsci.com) |
No século XIII, os mongóis haviam
conquistado vastas terras na Ásia. Kublai Khan, neto do grande Gênghis Khan
tentava unificar a China ao mesmo tempo em que buscava novas conquistas. Khan desejava submeter o Japão, utilizando um exército
preparado e experiente.
Naquela época, o Japão era
dominado por uma aristocracia militar, os samurais, que detinham o poder local.
Entretanto, grande parte da população japonesa era composta por agricultores
sem nenhuma experiência militar. O Imperador era apenas uma figura decorativa,
pois o real comando cabia ao xogum, o grande comandante militar japonês.
Embora fortemente influenciado
pelo budismo desde o século VI, a religião predominante no Japão era o
xintoísmo. A filosofia desta religião dava extrema importância às forças da
natureza, cujos elementos seriam complemento do próprio ser humano. O universo
não seria regido por leis físicas, mas por forças observáveis por uma
sensibilidade apurada e ditadas por uma vontade misteriosa.
Em 1274, o Khan organizou a maior
frota até então vista: 900 embarcações que levavam uma força de 20 mil homens,
entre mongóis, chineses e coreanos. A pouca capacidade de mobilização das
tropas japonesas e o pouco tempo para recrutamento e adestramento imprimiam a
certeza da vitória do Khan. Contudo um forte tufão destroçou mais de um terço
das embarcações na baía de Hakata e desorganizou todo o resto da frota. Sem o
fluxo logístico e com o planejamento prejudicado a tropa ofensiva decidiu
retornar à Coréia.
Sete anos mais tarde, Kublai Khan
reuniu cento e quarenta mil homens em
cerca de quatro mil navios. Novamente a baía de Hakata seria a cabeça-de-praia
(ponto do litoral onde se projeta o poder naval sobre a terra) para a invasão.
As forças defensivas do Japão foram estimadas em menos de 10 mil homens. O
potencial defensivo japonês havia aumentado devido a trabalhos preparatórios de
engenharia, quando foram construídas barricadas. O ímpeto dos samurais adiou
por alguns meses o desembarque mongol. Quando a resistência nipônica estava
prestes a ceder, novamente um tufão varreu a frota atacante. Desta vez com
resultados muito mais avassaladores. Mais de três mil navios foram destroçados
em uma costa pedregosa ou afundados no mar. Os sobreviventes voltaram
derrotados e desistentes de enfrentar o Japão novamente.
Kamikaze (fonte www.infoescola.com) |
Os japoneses atribuíram às suas
divindades as vitórias na baía de Hakata. O “vento divino”, ou kamikaze em seu
idioma, ficaria agregado à cultura e ao folclore japonês. Sete séculos depois o
Japão viu-se em outra guerra, a Segunda Guerra Mundial; agora como atacantes e
não como defensores.
Uma vez mais em uma situação desvantajosa,
recorreriam aos seus espíritos. Na era contemporânea os samurais, convertidos
em modernos ases, ofereciam suas vidas ao chocar suas máquinas de guerra contra
as do inimigo, em um ato nobre de desespero. O milagre não veio. Os kamikazes não venceram o inimigo. O vento
divino deu lugar ao sopro da morte criado pelo homem e arremessado em Hiroshima
e Nagasaki.
Kamikazes antes da ação (fonte: ultracurioso.com.br) |
REFERÊNCIAS:
O texto é uma colaboração de Felipe Pereira Barbosa e foi publicado originalmente no Blog Amigos do Saber
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